sábado, 25 de abril de 2015

Saco do Silveira - Lagoa dos Patos

Rio Grande, 19 de abril de 2015.

"É preciso ir além do mares demarcados." Fernando Pessoa

Segunda velejada ao Saco do Silveira na Lagoa dos Patos, afim de descobrir mais desse belo abrigo para vento nordeste, e seus caminhos com melhor calado. Local entre Pelotas e Rio Grande, de navegação restrita a embarcações de baixo calado. 


A bordo do Caipora I, um Microtonner 19 com 30cm de calado segui com atenção redobrada para este local de difícil navegação e beleza ímpar. 

Navegação compartilhada no wikiloc

Velejando pelo Canal São Gonçalo com a barra na proa


Saindo lagoa afora as ondas curtas e características da lagoa se fazem presente tornando a velejada mais cuidadosa para evitar os banhos na "tripulação", o Caipora I veleja bem, galgando as ondas num contra-vento prazeroso, com todo pano adriçado seguindo pelo Canal da Barra.


Iniciando a velejada no Arroio Pelotas, com vento nordeste moderado de 14 kts, segui pelo Canal São Gonçalo até iniciar a velejada pela Lagoa dos Patos e seus atalhos, rumo ao meu objetivo, sempre com o GPS ligado, mesmo já adotando algumas referencias visuais. 

Chegando no final do baixio da Ponta do Silveira

Detalhe carta náutica "Rio Grande a Feitoria"

Arribei rumo ao sul na altura da "mesa" saindo do Canal da Barra velejando paralelamente, e mais a oeste, do Canal da Setia, sempre tomando cuidado com a Ponta do Silveira que se estendo por mais de 1 milha para dentro da lagoa, no detalhe da foto do GPS e carta acima profundidade no "bico" de 0,5 metros - 0,9 m.

Água salgada inciou iniciou no través do Umbú - Barra Falsa


Como já de costume sigo minha velejada com olhos atentos nas referências visuais, nos GPS's, e ouvidos atentos para eventual "raspada" em algum baixio, sem deixar, é claro, de apreciar uma boa música no rádio de pilha ou na playlist do estéreo lá dentro da cabine que embala o ritmo da velejada.

Na imensidão da Lagoa dos Patos

Lá ao fundo o Umbú e Barra Falsa


Na aproximação do Saco do Silveira baixo a genoa e subo um pouco da quilha móvel bem como o leme, reduzindo o calado para aproximadamente 70 cm.

Rumo ao interior do saco - 3/4 de popa

Na aproximação do Saco do Silveira baixo a genoa e subo um pouco da quilha móvel bem como o leme, reduzindo o calado para aproximadamente 70 cm, Chegando próximo ao inicio do baixio do Saco do Silveira fica visível a mudança de cor na água pela diferença de calado.


Dando uma garantia de 200 metros antes de lá chegar arrio a mestra quase em seu total ficando com um pequeno pano suficiente para me aproximar velejando cautelosamente em direção a ponta do saco, a quilha móvel dessa vez e o leme são reduzidos a 50 - 40 cm de calado sendo o mínimo para conseguir velejar.

Mestra reduzida, sem pressa

Já na parte rasa - água mais "marrom"

Para sair do Saco com contra vento faço a volta mais para sul para evitar essa parte muito rasa, na qual só entrei por "conhecer" e estar com vento de popa, para a saída faço uma volta mais a sul, que me possibilita sair velejando em orça de volta a parte mais funda próximo ao Canal da Setia.



Pela imagem do Google Earth se tem a dimensão do baixio na entrada do saco, marcado o local onde fundeio numa área com aproximadamente 50 cm de calado, ficando com uma boa margem de segurança pois a água baixa rapidamente nesta região, sendo sempre prudente cravar uma estaca (uso um bambú graduado) para saber o quanto a água está baixando.


 Aproximação da praia da ponta

Mesmo com o nordestão, e sem abrigo de vento fica visível que a lagoa fica lisa já na aproximação do saco, tornando um local perfeito para largar âncora , sigo mais até ultrapassar essa parte extremamente rasa para evitar de ficar preso numa possível baixa súbita de nível da lagoa.

Detalhe da praia da ponta do Saco do Silveira

Imagem do satélite pelo Google Earth

Velejo mais 1 milha para o interior do saco  e quando o calado começa e aumentar largo âncora com água pelo joelho (50 cm). Com calma reviso minha posição no GPS no horizonte, e inicio o preparo do meu almoço.

Eu e o Caipora I

Depois de repor as energias e um breve descanso estudando as cartas da região e me preparo para o retorno, içando inicialmente somente a vela mestra ainda com o barco ancorado, começo a volta velejando em rumo sul puro, lado oposto do meu objetivo, com intenção de sair velejando sem auxílio do motor.

Sempre no caminho de volta fica fácil de se perceber que este local não é em nada perto, e exige tempo programado para um retorno tranquilo.

Arco-íris a pino, esse fenômeno nunca tinha visto

Retornando pelo tradicional Canal São Gonçao

Tranquilidade do Arroio Pelotas

Depois de encarar na lagoa as ondas, baixios, calões, redes, caminhos pouco conhecidos velejando fora dos canais de navegação, retornar pelo Canal São Gonçalo e Arroio Pelotas traz uma sensação de bem estar inexplicável, mesmo já tenho cruzado estas águas por inúmeras vezes outro sentido lhes é dado. Por isso toda velejada a caminhos novos adquirem um sentimento único.


Saco do Silverira - Microtonner 19' from Alberto Blank on Vimeo.

Bons ventos,

Alberto Schwonke

Direitos sobre fotos pertencem a Alberto Blank Schwonke
A reprodução é permitida citando o autor e a fonte, 
Alberto B. Schwonke albertoblank.blogspot.com.br

terça-feira, 7 de abril de 2015

Lagoa dos Patos: Arroio Pelotas - Arroio Grande

 28 e 29 de março de 2015.

Lagoa dos Patos: Arroio Grande/RS
Microtonner 19

Planejamento, os equipamentos, compra de suprimentos, check-list 1, 2, 3 e já! Mesmo uma velejada de final de semana exige uma centena de procedimentos.

A parte mais fácil, é entrar no barco carregado e sair. Porém a arte do velejador cruzeirista também está no antes de deixar seu porto seguro, como diz o ditado:

"Quem vai ao mar, avia-se em terra."



Saindo cedo para chegar na barra do Canal São Gonçalo ao amanhecer
Navegação pelo GPS


1 milha lagoa adentro a serração se dissipou, na proa os primeiros raios de sol são muito bem vindos, numa manhã de temperatura agradável sigo com todo pano em cima, escutando um rádio de pilhas e apreciando o início da velejada.


Velejando fora do canal fico tranquilo e aprecio o movimento dos navios pelo canal da feitoria, sigo rumo a ponta da ilha navegando pelo través da colonia de pescadores Z3.







Cruzando pelo través da Z3

Manutenção das boias do canal


Na proa lá distante toma forma a ponta da Feitoria

Fora do canal não tem transito de navios, porém o cuidado com as andanas ou calões deve ser redobrado, um olho nelas e outro na profundidade.


 Saindo do canal da feitoria rumo ao Canalete da Cabritas, inicio recolhendo a quilha móvel e o leme em 40cm, ficando com aproximadamente 70cm de calado, sem ecobatímetro a navegação segue pela carta do GPS.






Com a água salgada nessas bandas, o fundo da lagoa fica visível, dando ilusão de ser mais raso do que realmente é, o tira teima é um crock que quando mergulhado na água sinto o fundo e calculo a profundidade.




navegação até a ponta da Feitoria...



Os verdadeiros conhecedores do canalete das cabritas não precisam de GPS, sigo me guiando pelos satélites e confirmando o caminho no caminho deles, grande admiração e respeito pelos pescadores.



 Casarão da Sotéia - Ilha da Feitoria



No través da barra do Arroio Corrientes se estende o Banco do Jacaré

Encontro da água salgada e doce

Meu esboço da entrada do Arroio Grande, feito em 2008 durante uma travessia desde Pelotas até Tapes a bordo de um Holder12.



Aproximação - entrada do Arroio Grande


Pela foto aérea do Google Eath é possível ter idéia das belezas da barra do Arroio Grande, para entrar e sair velejando exige muita atenção, estudo e conhecimento por ser de baixo calado, o que auxilia e muito é uma grande estaca colocado pelos pescadores locais que demarca a entrada pelo pequeno canal.


Vista para sul

Vista para norte

Península característica da barra


Estaca que demarca a entrada



Antes de aportar naquela ponta de areia segui navegando arroio acima, segui a navegação até a rede elétrica que cruza o arroio 1,3 milhas acima de sua barra, valeu para conhecer um pouco mais o tal Arroio Grande. 






Rede elétrica, há quem diga que já passou de microtonner 19 por baixo, sem titubiar dei meia volta bem antes e retornei para aportar e me preparar para a noite nesse belo arroio.



Primeiro atraquei o barco na margem norte onde pude caminhar e fotografar na sombra enquanto descansava um pouco na velejada, depois preparei um lanche o qual apreciei com a bela vista da barra do Arroio Grande.




Ao entardecer atravessei para o outro lado buscando um lugar mais perto da boca buscando o vento nordeste e um local sem mosquitos, a idéia valeu e sequer escutei o zunidos deles.



Belo final de tarde, fotos e fotos antes de preparar a janta.




Como de costume acordei antes do sol e pude apreciar os primeiros raios de sol tomando um café completo no cockpit do micro.






"Toda" tripulação apareceu para a foto matinal

Como na previsão do windguru o amanhecer foi com vento nordeste de 14 a 16 nós, subi a mestra ainda atracado e deixei a genoa pronta para subir na lagoa, soltei as amarras e iniciei o retorno a Pelotas.


Segue a navegação




Na volta passei bem próximo a ponta da Ilha da Feitoria com pelo canalete das cabritas.







Depois da ponta da ilha o rumo ficou arribado, com bom vento abri uma asa de pombo com o pau de spinaker e a velejada rendeu.


Entrando na barra do Canal S. Gonçalo

Total da velejada

Rota pelo wikiloc



Lagoa dos Patos: Arroio Pelotas - Arroio Grande from Alberto Blank on Vimeo.


Direitos sobre fotos pertencem a Alberto Blank Schwonke
A reprodução é permitida citando o autor e a fonte, Alberto B. Schwonke albertoblank.blogspot.com.br